quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Então é Natal ...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
E se o Natal fosse hoje?
domingo, 19 de dezembro de 2010
Extrapole sua solidariedade
O nome do menino não importa agora. Sabe-se que era um nome estrangeiro, que se pronunciava de um jeito e se escrevia de outro.
O nome do menino foi escolhido para ele porque seus pais achavam aquele nome o máximo - e queriam o máximo para o filho, pelo menos no nome. Os pais dele achavam aquele nome legal porque a indústria ciematográfica resolveu colocá-lo num personagem de um filme muito famoso. O cara do filme era bonito, forte, inteligente e rico. E tinha o mesmo nome que o menino da nossa história.
Só que o menino não sabia de nada disso. Ele só sabia que tinha um nome, e que isso fazia dele alguém, de alguma forma.
Não se sabe exatamente quantos anos ele tinha, mas era algo entre dois e dez, o que o colocava na geração do celular e do aquecimento global. Ele não tinha computador, nem uma fábrica que lançava gases tóxicos na atmosfera, o que poderia levar um observador qualquer a perceber que ele não participava dos dois assuntos que mais marcariam sua época.
É claro que ele participava, de alguma maneira, dessas duas esferas, mas a verdade é que ele realmente participava muito pouco das coisas. Se pudéssemos desenhar um círculo em volta do sem número de coisas que se pode fazer e ter neste mundo, o menino ficaria do lado de fora da linha.
Mas o menino não sabia disso. Ele sabia que se ficasse doente teria que enfrentar fila no hospital, e que se chovesse demais o barranco poderia ceder. Ele sabia que não era para pedir chocolate quando fosse na padaria, que a roupa que usava já tinha sido do irmão e que ia nascer mais um bebê na casa.
Ele não imaginava que muito do que era a vida que ele vivia extrapolava escolhas e méritos dele e da família dele. Ele não sabia que estava do lado de fora da linha, mesmo porque ele não entenderia o porquê da existência da linha. As crianças não entendem coisas sem sentido e sem justificativa.
Aconteceu que um certo dia, o menino foi brincar num lugar onde viu coisas muito diferentes do que estava acostumado. Haviam várias pessoas, como em todos os lugares, mas elas não estavam correndo, nem brigando, nem fazendo coisas importatíssimas para pessoas importantíssimas. Elas estavam simplesmente desejando que o menino brincasse.
O menino não sabia que aquilo era uma coisa pequena - tão pequena! - que não atingia nem a metade das pessoas que estavam na mesma situação que ele. Ele não sabria que os problemas extrapolavam o alcance daquelas pessoas, e extrapolavam o que elas podiam fazer.
Mas o menino sabia que, se existissem várias pessoas como aquelas em vários lugares diferentes, então aquilo que elas faziam é que iria extrapolar os problemas dos quais tanto se falava.
Ele sabia porque as crianças sabem as verdades que a gente diz que procura.
E então, naquele dia, o menino não sabia de muitas das coisas que talvez um dia contem a ele - ou ele perceba sozinho, quando crescer.
Ele só sabia que estava muito, muito feliz.
E, por estar feliz, ele sabia que era Natal.
(Extrapole sua solidariedade)
http://www.papainoelmirim.com.br/
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Se eu pudesse te dar um conselho
E diria também que dar certo não significa que vão acontecer do jeito que você imaginou. E diria ainda que é melhor você não imaginar demais, porque pode acontecer que os seus sonhos sejam detalhados demais, desenhados demais, e não se realizem exatamente da forma que você pensou que seria. E aí vai doer em você, e mesmo que eu diga que avisei, vai me matar, porque simplesmente me mata te ver sofrer.
Se eu pudesse te dar um conselho eu diria que o mundo é assim mesmo, e que se agente ficar esperando sempre por uma justiça, ou uma espécie de recompensa baseada na matemática (eu merecedora + oportunidade compatível = meu sonho realizado), a gente vai sofrer demais, e vai se olhar no espelho, de repente com 65 anos, e um número pequeno de lembranças para contar nos dedos. Eu diria que todo mundo tenta fazer a gente acreditar que estamos caminhando simplesmente para chegar num lugar lindo e perpétuo chamado realização pessoal. Só que é mentira. Porque esse oásis não existe. Mas não se decepcione: na verdade, o caminho em si é lindo, muito mais lindo do que a gente costuma perceber. É claro que quanto mais a gente se cuida melhor ele vai ficando (o passo é o que faz o caminho). Mas, por favor, não viva uma vida superficial esperando pelo boom de realização. Seja alguém melhor hoje, e seja feliz hoje.
Se eu pudesse, enfim, te passar todas as minhas experiências ruins e frustrações já processadas, naquela fase em que já viraram lição de vida ou, no máximo, uma dorzinha seca que a gente sente às vezes no fundo da garganta, eu faria isso com urgência, e isso me daria paz e alívio. Só que ficou estabelecido que cada um tem que cometer seus próprios erros, ter suas próprias decepções e lidar de maneira pessoal e intransferível com a carga de dor que faz parte da vida. Então, eu só posso ficar aqui na torcida, pedindo que por favor, por favor, por favor, supere as tristezas e não chore, meu amor, não chore nunca mais.
Se eu pudesse te dar um conselho eu diria que tem tantas opções escancaradas na sua frente que eu não sei porque a gente insiste em escolher uma só. Eu diria que a vida não é uma questão de múltipla escolha, mas um texto dissertativo argumentativo com cerca de um milhão de linhas. Você não precisa ser de um jeito. Você pode ser de todo e qualquer jeito que te faça bem.
Se eu pudesse te dar um conselho eu pediria que acreditasse em mim. Mas sinto que já não posso; sei pouco ou quase nada daquilo que você domina, não tenho o status do sucesso nem a segurança da idade, não tenho nem mesmo como provar que sou feliz, ou como provar que qualquer uma das minhas teorias funciona que é uma maravilha.
Eu queria te oferecer algo mais concreto e instantâneo que um conselho.
Mas, além do meu amor por inteiro, é só isso que eu posso te dar; conselhos. Então, se me permite mais um único, aí vai: seja feliz, e só.
Postado por: Marcela
domingo, 14 de novembro de 2010
Quem sou ?
Eu ?
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
O (segundo) melhor dia de todos.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Não julgue o livro pela capa.
Minha ideia inicial era escrever esse texto somente sobre livros, porque quando estava numa livraria outro dia fiquei pasma (PAS-MA) com as algumas (poucas, eu sei) capas que simplesmente desvalorizam o trabalho do autor: são capas mal feitas, com imagens que não se assemelham em NADA com a capa do livro (por isso o título); ou que, simplesmente ignoram qualquer conceito de organização.
Postado por: Jéssica
Coloca na conta de quem?
Não vou fazer uma análise do filme aqui, mesmo porque eu não tenho conhecimento suficiente nem em cinema nem em segurança pública para poder afirmar qualquer coisa, seja boa ou ruim.
Mas acho que preciso falar algumas coisas que eu penso, meus palpites e impressões sobre o filme e, principalmente, sobre a realidade na qual ele se inspira.
Para começar: eu chorei da primeira até a última cena. Sério. A primeira lágrima escorreu dos meus olhos logo no começo do filme, quando um dos protagonistas, um ativista dos direitos humanos, o Fraga, faz uma perspectiva de quantas pessoas estarão na cadeia no Brasil, nos próximos anos. Ele diz que uma parte pequena da população estará livre (seus filhos, seus netos e seus bisnetos) e que uma grande parte estará na cadeia (seus filhos, seus netos e seus bisnetos). Isso me chocou porque, pior do que saber que seu filho sofreu nas mãos de um bandido, é saber que seu filho é um bandido.
A partir daí muita coisa me fez chorar. Não que eu tenha estômago fraco para cenas violentas. Acontece que eu fico pensando o tempo inteiro que aquilo é realidade. Claro, guardadas as devidas proporções. Aquilo tudo ali acontece no nosso país, com centenas de pessoas. Toda aquela tensão, aquele sofrimento e aquela intimidade com a violência: é mutio triste que isso seja real.
E o grande problema é que nenhum dos artifícios que temos usado como solução tem resolvido alguma coisa. O Bope não soluciona o problema, e isso fica muito claro no filme. O Bope tenta, em alguns casos parece que acerta, mas é impossível saber até que ponto matar um criminoso sem escrúpulos contribui para a paz. Mesmo porque, sempre aparecem outros. "O sistema se reorganiza". Como diz o Fraga, essas ações se assemelham a uma "limpeza étnica", que nós tanto condenamos em guerras civis de outros países, como diz o Coronel Nascimento, "para o povo, bandido bom é bandido morto". Temos uma situação sendo controlada, e fugindo do controle, sendo modificada e se reconstruindo, sendo atacada e se reerguendo, temos uma movimentação, mas até agora nenhuma solução efetiva.
É desolador ver o capitão Nascimento sem saber o que fazer da vida. Muito mais forte do que qualquer cena de tiro a queima roupa, é a cena do principal homem da polícia do Rio de Janeiro, sentado diante de uma CPI que não vai dar em nada, dizendo que acha que a polícia militar deveria acabar. Um homem que dedicou 21 anos da sua vida a segurança pública, falando o seguinte: "Quando tinha dez anos o meu filho me perguntou porque o meu trabalho era matar. E eu não sei responder a pergunta dele". Eu sempre tive vontade de levar o capitão Nascimento para casa (por motivos óbvios, mas que não vou expor aqui porque esse post trata de assuntos sérios), mas nesse momento eu realmente queria abraçá-lo com toda a força, e chorar essa triste percepção de que as coisas não tem solução, e mentir que ia ficar tudo bem só para que ele visse algum sentido na própria vida.
Mas, se é difícil lidar com os bandidos declarados, imagine o que é lidar com os bandidos disfarçados. Agora é quando dói mais fundo: temos um "sistema" dentro poder, temos uma corrupção injustificável ditando o comportamento daqueles que deveriam cuidar da sociedade. Tanto na polícia quanto na política, revolta ver toda a sujeira que sustenta uma realidade de dor para tanta gente.
Primeiro a polícia: a quem recorrer se grande parte da polícia está corrompida? Até que ponto um policial pode se afundar na sujeira? Porque é claro que alguns acham que um suborno não vai mudar nada, que um desvio de verba é algo natural, todo mundo faz, aceitar o dinheiro de um traficante não vai mudar a situação do país. Mas aí, quando se vê, parece que não existe mais saída, e os contornos do certo e errado vão se apagando. Não é novidade que a polícia é, em grande parte, possibilitadora do tráfico de drogas e de toda desgraça proveniente dele. A polícia é a utopia do povo, o que faz com que fiquemos em casa, quietos, esperando que as coisas melhores pelas mãos das autoridades competentes. A polícia tem licença para matar. A polícia, por muito tempo, permitiu a existência das milícias, mais uma invenção brasileira que faz a gente se perguntar quais surpresas desagradáveis ainda podem aparacer no nosso país. Uma "proteção" que se faz valer pela força, um mal que protege de um mal maior (ou melhor, de um mal oficial) são parte do discurso de fundamentação da polícia e da milícia. Não por coincidência, não dá para confiar em nenhuma delas.
Cabe aqui uma ressalva muito, muito importante: não estamos falando de TODA a polícia. Na verdade, acredito inclusive que estejamos falando de uma minoria, mas infelizmente, uma minoria que tem força suficiente para se sobressair. Neste aspecto, o filme pode gerar uma grande confusão, e atrapalhar o trabalho honesto e bem intencionado de muitos policiais. Peguemos como exemplo o próprio Rio de Janeiro. O trabalho da polícia pacificadora é inédito e promissor. Nunca a polícia agiu com tanta tranquilidade, usando tanto o diálogo e nunca promoveu tanto a paz - a paz em si, e não a paz proveniente da guerra. Matérias sobre as Upps foram publicadas em veículos importantes, como o Jornal New York Times, e a revista piauí. Muitos policias da polícia pacificadora são jovens que não se corromperam com o sistema, que ainda tem a cabeça aberta e acreditam na importância do seu trabalho. Bem, tem dado certo. Só que eles lidam o tempo inteiro com um ingrediente muito subjetivo: a confiança. Não por acaso, a confiança dos moradores da favela na polícia ainda é muito isntável, e é preciso tomar cuidado, pois o menor erro pode ser fatal. Há décadas os moradores das comunidade sofrem com os erros com uma polícia de guerra, e a idéia de uma polícia de paz parece inconcebível. Talvez o filme influencie negativamente nesse aspecto. Mas é importante ressaltar que o filme mostrou uma realidade, não todas as realidade. Sempre há exceções.
Exceções existem também na política. Políticos sérios e reponsáveis, que tem a concepção do que é ser um representante do povo, que saibam usar a palavra para discutir idéias e transformá-las em ações, existem. Existem "deputados Fraga". Eles são as exceções. Infelizmente, e quando eu digo infelizmente estou usando toda a força e profundidade dessa palavra, a regra na política brasileira são políticos que se elegem por interesse próprio. E o interesse prórprio deles é sempre acumular dinheiro da maneira mais fácil possível. E a maneira mais fácil para eles é a mais difícil para o Brasil. A corrupção não é só falta de vergonha não, gente. A corrupção é a mola propulsora da violência. É vergonhoso, mas toda essa triste realidade do Brasil só é possível porque a nossa voz está em bocas compradas. Nossos representantes fazem parte do sistema.
"O sistema é muito maior". Com essa fala, o capitão Nascimento chega a conclusão de que o governo está intimamente ligado a tudo isso. Neste instante, acredito que quem assiste o filme só consegue pensar uma dessas três coisas: A) Que porra é essa? Nós tamo é tudo fudido nessa disgraça desse país. B) A solução é fingir que nada disso acontece, continuar com nossos velhos conceitos e assistir bastante novela, para ficarmos bem alienados e não sofrermos com tudo isso. C) Tem alguma coisa muito errada nisso tudo. Eu não sei como, mas isso tem que mudar.
E embora a A e a B sejam opções muito sedutoras, eu prefiro ficar com a C.
E por fim, fica a pergunta: Coloca na conta de quem? Quem vai responder por todos esse erros? Pelo visto, não existe um único culpado.
O jeito para nós, braileiros, é começar a agir, ou pelo menos a pensar. É fazer alguma coisa, antes que tudo não cabe caindo na nossa conta.
Postado por: Marcela
domingo, 17 de outubro de 2010
Lista dos dez trechos de música mais idiotas que você nunca vai esquecer
1. I love you meu chuchu, merci beaucoup! Meu chuchu? Isso é francês... e não inglês: Depois de ter tomado bomba no cursinho de inglês, P.O. Box (segundo o Google, eu não lembrarva o cantor) criou esse simpático desabafo que não sai da nossa cabeça, por mais que o tempo passe. Mas vê se fala por favor, a minha língua, que já tem até uma íngua por causa do seu inglês.
2. Sensual, o movimento é sensual, sensual, o movimento é bem sexy, sexy!: A prova viva de que uma mentira dita cem vezes se torna uma verdade. Com tanta repetição assim, todo mundo que dançava o mais famoso (e único famoso) song dos bragaboys, mesmo sabendo que aquilo era barango, se sentia um totalmente sexy por alguns instantes.
3. Segura o tcham, amarra o tcham, segura o tcham tcham tcham tcham tcham !: E dá-lhe garrafa de cerveja vazia no centro da roda e micro shortinho alto com buraquinho para mostrar o umbigo.
4. Seu corpo é mais quente que o sol... Eu vivo a sonhar, pensando em você, delírios de jogar futebol!: Nem Freud explica as fantasias sexuais desse aí, embora eu ache que o problema foi mais por causa da rima. Realmente "sol" não tem muita correspondência poética além de "futebol". E na mesma música mais um enigma: Controlo o calendário sem utilizar as mãos... (!)
5. Aserehe ra de re, de Hebe tu de hebere, Seibiunouba mahabi, an de bugui an de buididipi: Para quem ainda não reconheceu, é Ragatanga, do Rouge. É claro que você já dançou. Até algumas mães caírem nos boatos de que a música tinha "mensagens subliminares demoníacas", o ritmo era de lei em qualquer festa que queria ser um sucesso.
6. De segunda a sexta esporro na escola, saba-sabado e domingo eu solto pipa e jogo bola: Que Justin Bieber que nada! O négocio é o Johnathan da nova geração!
7. Mexe a cadeira, e bota na beira da sala: Essa é realmente muito inteligente. O Vinny (!) consegue reunir em um único trecho conotações sexuais e incentivo ao trabalho de dona de casa. Coitada da Heloísa! (O nome da música é "Heloísa, mexe a cadeira")
8. Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rola bundalelê: Latino, o que a gente faz com você?
9. Somente por amor, a gente põe a mão no fogo da paixão, e deixa se queimar, somente por amor: Jade e Lucas que me desculpem, mas a super romântica música tema de "O Clone" não tem nada a ver com nada. "A gente põe a mão no fogo da paixão" não me parece o verso ideal para embalar a apaixonada história de uma mulher muçulmana que trai o marido e um cara que tem um clone solto por aí.
10. Bota a mão na cabeça que vai começar.... O rebolation: Nada a declarar.
E aí? Quais outras músicas não saem da sua cabeça? (Nem com reza brava!)
Postado por: Marcela
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Herói Nacional
E foi pensando nisso que se acendeu uma luzinha no fim do túnel, e eu percebi que às vezes a gente fica tão cheio de idéias e preocupações que se esquece de coisas importantes que nós sempre soubemos. A coisa importante que eu esqueci é justamente um ponto de vista que alivia minha angústia em relação a escolha do novo presidente: o mito do herói nacional.
Em decorrência de fatores históricos, nós, brasileiros, acreditamos no mito do herói nacional. A gente tem a impressão de que tudo que aconteceu no país foi fruto da movimentação de um ou dois homens, que são os únicos responsáveis pelo que veio de bom ou de ruim. Nossos livros de história são ilustrados com pinturas de personalidade brasileiras, e a gente é capaz de citar nomes, mas raramente o contexto em que aquele nome viveu. Será que foi só Tiradentes que queria a liberdade? (alguém se lembra da Conjuração Baiana? Pois é, centenas de homens pobres morreram por esse ideal, mais ou menos na mesma época). JK governou o Brasil sozinho? O Brasil de hoje é fruto só do que ele fez? E Collor? E Joseph Garibald? E Geisel? E D. Pedro? E Luís Carlos Preste? E Lula? Estavam decidindo e fazendo tudo SOZINHOS?
Em todas as época existem pessoas, homens e mulheres, que fazem coisas boas e ruins, que contribuem com o progresso, com a paz ou com a violência, que vão construindo o dia-a-dia, construindo o país. Getúlio Vargas que me desculpe, mas não precisamos de um pai. Já somos bem crescidinhos. E donos do nosso nariz.
Então precisamos parar de fingir que existe um ser humano, que pode ser a encarnação do bem ou do mal, que vai se sentar na cadeira da presidência e controlar de acordo com seus caprichos o futuro do NOSSO país. Precisamos parar de fingir até para que eles parem de acreditar. Pensando só em termos de Governo, temos três divisões bem siginificativas: Legislativo, Executivo e Judiciário. Temos, além do presidente, senadores, governadores, deputados estaduais, deputados federais, prefeitos e vereadores (além de juízes e promotores que também controlam o poder, ministros e outros altos cargos que também tomam decisões). Alguém aí cobra atitudes dos vereadores? Alguém aí sabe o nome de mais de cinco deputados?
Não estou subestimando a importância da figura do presidente, só estou dizendo (aliviada) que não temos que nos sujeitar a supremacia de uma única pessoa, mesmo que ela seja o presidente do Brasil. A nossa democracia está só engatinhando. Tivemos pouquíssimos presidentes eleitos de forma democrática. Estamos no começo de um processo, ESTAMOS CONSTRUINDO UMA REALIDADE, da mesma forma que o país que somos hoje é fruto da sua construção enquanto colônia, depois como império e assim por diante. Tirando Dilma ou Serra, ainda sobram centenas de pessoas eleitas democraticamente, e mais milhares que podem mudar muita coisa. Como? Eu não sei bem. Eu não tenho a receita, se é isso que você quer saber quando aqueou a sombrancelha ao ler esse texto, e perguntou-se de onde vem tanta ingenuidade.
Mas é mais ou menos isso que eu me pergunto quando vejo a gente acreditando no herói nacional, da mesma forma que a gente achava que o super homem podia mesmo salvar o mundo.
Eu não sei o caminho. Mas eu sei que tem mais de um. Ou melhor, mais do que dois.
Na verdade, como diria Samuel Rosa: O caminho só existe quando você passa.
Postado por: Marcela
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Pra você correr macio
Falta um tanto ainda, eu sei
Pra você correr macio...
Nunca gostei de relógios de pulso, e hoje sei que não era uma simples implicância estética minha. Na verdade, me assusta a idéia de ter essa medição tão abstrata – medição do tempo, vejam só! – ali, coladinha na minha pulsação.
É claro que saber as horas é importante, mas não acho que seja tão fundamental saber as horas o tempo todo, mesmo porque elas são simplesmente uma convenção. Carregar o relógio no pulso traz para as pessoas a falsa sensação de poder controlar o tempo – ou de pelo menos ter um “aliado” na luta contra ele.
Lutar contra o tempo é uma coisa que a gente faz constantemente, e às vezes eu tenho a certeza de que seria muito mais saudável apenas deixá-lo passar, sem que isso parecesse significar tantos “e se” como tem sido para nós. E se eu não conseguir depois? E se eu mudar e me arrepender? E se quando eu estiver velho eu não me orgulhar de nada? Bem, e se a gente parar de tentar controlar nosso futuro e prestar mais atenção no presente? (não estou mandando ninguém “viver o agora” sem responsabilidade e sem medidas, pelo amor de Deus. Só estou falando que coisas boas, saudáveis e felizes são conseqüências de práticas boas, saudáveis e felizes. Sofrer para tentar ser feliz é muito ilógico, convenhamos).
Mas não era essa a questão sobre o tempo que eu queria tratar aqui. Eu só queria registrar uma impressão que tem me incomodado profundamente. O tempo tem fugido, sabe. Corrido de mim, virado a esquina rápido demais, escorregado por entre as minhas mãos. Claro que eu falo disso em sentido figurado: o tempo está lá, como sempre esteve, embora eu não saiba muito bem como é. A culpa é minha, ou da sociedade em que vivo, ou de nós duas ao mesmo tempo. Eu sei que estou fazendo isso de um jeito errado, mas os únicos jeitos certos que conheço são justamente os considerados “errados”.
De qualquer maneira (voltando de novo), tenho me sentido tão sem tempo que não tenho tempo nem para refletir sobre o assunto. Existe uma frase que diz “Os dias são longos, mas os anos são curtos”. Para mim parece o contrário: só vejo resultados quando olho para os anos, mas no dia a dia não realizo nem metade do que me proponho. “Como arranjar tempo para as coisas importantes enquanto as urgentes estão sendo feitas?” Com essa eu concordo totalmente.
Coisas importantes têm ficado de lado, inclusive escrever (que eu tanto amo) no meu blog (que eu tanto amo). Outras coisas importantes tem ficado de lado. A matemática, a filosofia, os grandes autores e obras literárias, as reflexões de Marx a respeito do capital, as ponderações do Dalai Lama, as receitas culinárias, sair pra passear com o cachorro, os ensinamentos chineses sobre meditação, aprender a tocar guitarra e as melodias de Bob Marley. Tempo, só para as coisas urgentes, como achar o pé direito do sapato antes de sair, formatar um trabalho segundo as regra das ABNT, e assistir as comédias sem graça que todo mundo vai comentar no dia seguinte.
Postado por: Marcela
sábado, 4 de setembro de 2010
O bom filho à casa torna .
Faz um tempo que não posto nada aqui. E como faz ! Mas esse sumiço foi por uma boa causa.
Mais ou menos em março desse ano eu e um grupo de amigos fomos incumbidos de cuidar do Cerimonial de um projeot da escola, chamado Fashion Day , que conta com apresentações de dança e desfiles. FOI UMA ANIMAÇÃO TOTAL ! Queríamos que o nosso fosse o melhor, fosse lembrado na história . E acho que conseguimos, a começar pelas brigas, cunfosões e fofoquinhas que roderam o início do projeto, parecia que nada sairia do lugar e tudo daria errado. Mas acreditamos em nós mesmos, e resolver levar tudo mais a sério do que nunca, deixabdo de lado a moleza, e correndo atrás de fazer tudo ser perfeito. 57 alunos completamente diferentes se uniram, o que não quer dizer que deixamos de discutir, mas sim que levamos a discussão para um lado produtivo e construtivo. E assim fizemos. Choramos, rimos, corremos, ensaimos, gastamos: fizemos tudo em excesso, tudo grandioso, o que fez com que o Fashion Day 2010, que antes parecia loucura (e que com certeza deixou muita gente louca) virou realidade, uma linda realidade. Nos entregamos de corpo e alma, e todos adimitimos que VALEU A PENA ! No dia 25 de agosto fizemos um show maravilhoso, que encantou a todos que assistiram, mas mais do que isso: nos orgulhou de ser quem somos, e fazer o que fizemos.
E quer saber? Toda a correria e confusão já haviam virado um rotina, que agora deixa muita saudade :’)
E então , sumiço explicado e perdoado ?
FASHION DAY 2010 – HOLLYWOOD STUDIOS
WHO DO YOU WANNA BE ?
Postado por: Jéssica
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
O importante não é dar primeiro, é dar gostosinho
Postado por: Marcela
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Que é um jornal?
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Moeda também é dinheiro
Da mesma maneira que dividiram o dia em horas, as horas em minutos, os minutos em segundos, e dái por diante; da mesma forma que subdividiram o país e os estados; do mesmo jeito que nos colocam num departamento exclusivo de roupas infantis de um bichinho de um desenho dentro de uma loja; da mesma maneira que os físicos pegaram a esfera maciça e "indivísivel" e picaram em mais um número incontável (e inexplicável) de pedacinhos; da mesma maneira que a nossas mães viram mil (mas continuam sendo uma só, como eles insitem em repetir); do mesmo jeito que dividem a gramática, as religiões, as nuances de uma cor e praticamente tudo mais, o dinheiro também tem subdivisões. Mas esqueceram de avisar pra muita gente.
Eis que estávamos eu e duas colegas em um supermercado comprando um lanche para umas 15 pessoas. É claro que o dinheiro era proveniente de uma vaquinha, e uma vaquinha de fim de mês, o que significa que era uma vaquinha bem magra e sofrida. Mas lá estava ela. Em moedas, para ser mais exata. De 10, 25, 5, algumas de um real e, inacreditavelmente, algumas de 1 centavo. Todas reunidas em uma caixinha resultavam em dinheiro, do mesmo que todo mundo ali tinha.
O primeiro olhar mal encarado veio da moça que fica pesando as frutas, quando paramos do lado dela para contar as moedinhas. O segundo foi do moço do frigorífico, quando fomos lá trocar as bandejas de presunto por algumas que estivessem mais baratas, logo após constatar que a vaquinha era mesmo magra.
Sempre me incomodou essa história de olhar torto pra moeda, porque, uma vez que vivemos num regime capitalista onde o valor das coisas é traduzido em dinheiro, temos que aceitar também as moedas. Mas tem gente que tem vergonha de andar com moedinha! Vergonha tem que ter é quem anda com dólar na cueca.
Continuando nossas compras, chegamos no caixa felizes e realizadas por termos conseguido comprar as coisas, depois de rebolar e fazer várias substituições. A caixa olhou incrédula para a nossa caixinha, mas contou as moedas sem dizer nada. Já a mulher que estava atrás de nós na fila soltou um longo suspiro de impaciência diante da cena, o que atraiu a atenção do restante da fila, que espichou o pescoço para ver a caixa contando as moedas. E a mulher estava comprando um maço de cigarro, tá? Eu é que devia estar impaciente com ela, sabendo quanto dinheiro público (por consequência, meu dinheiro também) é gasto na saúde para tratar de pessoas que fumam.
Mas ao invés de dizer isso para ela, nós só rimos, brincamos que tínhamos assaltado o cestinho da igreja e acrescentamos uma verdade incontestável: a gente, moeda também é dinheiro.
Postado por: Marcela
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Tudo se Ilumina
Mas existem muitos jeitos de contar uma história triste, e embora seja impossível fazê-la feliz, é perfeitamente possível fazê-la boa. Mesmo com toda dor, ela pode iluminar.
O que mais me intrigava em "Tudo se Ilumina" é que eu nunca encontrava uma opinião sobre o livro que não incluísse trechos. As pessoas falavam, tentavam descrever a história e os efeitos nelas causados pela história, mas sempre acabavam reproduzindo algum pedaço do livro.
Hoje eu entendo perfeitamente a incapacidade de falar dessa obra sem deixá-la falar por si mesma também. Descrevendo de maneira muito superficial: O autor, Jonathan Safran Foer, viajou para a Ucrânia com a intenção de encontrar a mulher que salvou seu avô (um judeu) dos nazistas. Ele só sabia da existência dela por uma fotografia. Jonathan não a encontrou, então resolveu inventar uma história. Assim, é um livro de ficção, mas tão cheio de realidade e verdade que chega a ser incômodo.
Esse foi o primeiro trecho pelo qual eu me apaixonei, na primeira vez que ouvi falar do livro:
- Sammy Davis, Junior, Junior vai pular para fora.
- Quem?
- A cadela. O nome dela é Sammy Davis, Junior, Junior.
- Isto é uma piada?
- Não, ela verdadeiramente partirá do carro.
- Estou falando do nome dele.
- O nome dela - retifiquei-o, pois sou de primeira categoria em pronomes. (...)
- Por favor, podemos abaixar a janela? - disse o herói. - Não aguento mais esse cheiro.
Ao ouvir isso, me rendi à humildade e disse: - É só Sammy Davis, Junior, Junior. Ela produz peidos terríveis aqui dentro, porque o carro não tem amortecedores nem longarinas mas vai pular para fora se abaixarmos a janela. E precisamos dela, que é cadela-guia do nosso motorista cego, que também é o meu avô. O que você não compreende?"
Postado por: Marcela
sábado, 24 de julho de 2010
Felômenal !
Quem nunca ouviu essa palavra soar da boca de Giovani Improta em Senhora do Destino ? Se não ouviu dele com cereteza alguém conhecido disse isso pra você . E isso tudo porquê ? Por que a palavra, mesmo que errada virou um bordão .
Aaah, os bordões ! Geralmente eles surgem na novelas, seriados , programas e até mesmo propagandas de TV , e pronto , já estão na boca do povo. Quem nunca se atreveu a soltar um , nem que fosse sem querer ? Eles grudam na nossa cabeça, não saem da memória e se tornam corriqueiros no dia-a-dia . E se um bordão ficar muito velho ? Não tem problema ! Arrajamos outros e outros .
São tão divertidos ! E além disso, quando surgem, parecem encaixar perfeitamente em toda frase que você que dizer . Impressionante !
Por isso, escolhi alguns que fizeram/fazem parte do meu vocabulário, e tenho certeza que você conhece :
“ARE BABA !” ( Caminho das índias)
“Não contavam com minha astúcia! – Ninguém tem paciência comigo” (Chaves)
“Não é a mamãe, não é a mamãe ! - Querida, cheguei!” (Família Dinossauro)
“Scooby-Doo, cadê você meu filho? - Scooby, Dooby Dooo” (preciso dizer de onde é ?)
“Olha a Faca” (Patrick – Zorra Total)
“Né Brinquedo, Não!” (Dona Jura - O Clone)
“Yabadabadooooo! – Wiiiiilmaaaaaa !” (Fred Flintstone)
“Pelos poderes de Grayskull! Eu tenho a fooorça !”
Amo esse ! *-*
Postado por : Jéssica
Amizade .
Não ia postar nada sobre o Dia da Amizade, mas eu estava lendo uns poemas antigos e achei esse , sobre amizade. Então pensei, porque não ?
Amizade, diga-me a verdade
Qual o seu verdadeiro nome?
Você se esconde por trás de tantas faces
Tem amizade antiga
Que se perdeu nos anos, nem dá pra contar
Tem amizade recém-chegada
Que ainda tem muita coisa pra experimentar
Tem amizade caloteira
Que só existe pra pagar tuas dívidas
Tem amizade ciumenta
Que a cada dia te deixa mais dividida
Tem amizade colorida
Que na minha terra tem outro nome
Tem amizade, que é mais que amiga
Dividem até o sobrenome
Mais não importa de que te chamam
Amizade, amor, fraternidade
O que importa mesmo é quando se baseia
No sentimento mais humano, o amor
Porque assim nunca morre.
Postado por: Jéssica ;)
terça-feira, 20 de julho de 2010
Nostalgia que olha para frente
É aquilo que te faz sentir uma onda de alegria quando uma palavra específica é pronunciada, mesmo que para as pessoas comuns ela não tenha nenhum humor. É o que te leva para outro lugar quando chove, e você sente os pingos de uma outra chuva molhando seus cabelos, no dia em que você mais correu na sua vida. É o que te faz ouvir aquela música velhinha, assistir de novo aquele filme conhecido, ver mais uma vez aquelas fotos. É o que te faz olhar no espelho e acreditar que está tudo bem, embora você não seja a pessoa mais bonita do mundo. Será que isso é mesmo o mais importante para alguém? É o que te faz sorrir, aparentemente sem motivo.
Eu disse memória?
Bem, embora a memória seja mesmo necessária para esse replay de emoções, com direito a câmera lenta nos melhores momentos, não é dela que eu falo quando tento explicar essa nostalgia que olha para frente. Ninguém vive de passado, e viver só de lembrar os bons momentos é a forma mais rápida de deixar o tempo escapar de você. Mas não existe nada mais desejável do que essa ponte viva e colorida, que nos faz recontar nossa história sem saudade demais, daquela que chega a ser angústia, mas com a saudade suficiente pra se formar uma consciência de que não existe um final feliz, afinal. Feliz é o caminho.
Amigos.
É o nome dessa ponte que resgata seu passado sem te deixar esquecer do presente. A maneira mais fácil de traçar aquela linha imaginária que nos situa num mundo desse tamanho, e qua dá os contornos na nossa vida, do nosso eu, sem criar limites para sua expansão. Amigos. Eu me lembro de tanta coisa, de dias absolutamente perfeitos. E eu queria vocês aqui agora, o tempo todo, desenhando um dia com a leveza de quem não tem a pretensão de tornar aquilo a maior das lembranças. Eu quero vocês sempre, vivendo desse jeito tão nosso, e de outros milhares de jeitos que serão sempre nossos, na mesma medida. Mesmo com tanta mudança. Aliás, é muito bom mudar com vocês.
E quando eu falo que amo, não estou sendo leviana e empregando esse termo de maneira superficial e não estou sendo dependente a ponto de pedir que vocês nunca mudem. E também não estou sendo emocionalmente míope de maneira que não veja seus erros e defeitos.
Estou sendo rasa o suficiente para que o meu sentimento só transborde, sem nenhuma capa ou proteção. Porque é verdade, é bom, e é o que me preenche, quando eu digo muito obrigada por tudo, e quando eu digo que eu amo vocês.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Eclética (o) .
Sim, eu sou .
Eclética com muito prazer.
Tem gente que vem com essa história de que eclético é gente sem personalidade e sem gosto. Aaah, pra cima de mim não ! Eclético tem gosto sim : ele gosta do que é bom ! E muitas vezes o que é bom não tem um estilo marcado E não que eu julgue aqueles que tem um estilo, ou seguem um padrão, pelo contrário, até acho muito divertido ter uma ser fã de um único jeito de ser, mas cá entre nós, desde o rapper de sangue até o metaleiro de raça tem um fundinho eclético dentro de si . E isso pode ser comprovado de um forma simples : toque uma música bem antiga do tipo ‘Balão Mágico’, ‘É o Tchan’, ou um pagode daqueles bem chicletes que não desgrudam da cabeça e pronto . Esse tipo de música todo mundo canta. Todo mundo mesmo. E quando a música é empolgante, viciante e contagiante então ?! Ixi, ninguém segura ! Todo mundo canta, ou melhor berra a música, com toda força .
Então, metaleiro, rapper ou qualquer outro estilo, não se preocupe se quando começar a tocar pagode e você souber cantar, ou se Xuxa não saiu até hoje da sua cabeça : isso é o jeitninho eclético de ser .
Postado por : Jéssica
domingo, 18 de julho de 2010
Baralho
Todo avô tem um amigo para jogar com ele, e todo adolescente pega o do avô pra jogar com os amigos. E tem sempre aquele baralho velho e bagunçado, que só serve para alguns jogos, mesmo assim com adaptações.
Sempre tem os que sabem os nomes oficiais dos nipes, e os que se explicam buscando comparações bem simplificadas, como "coraçãozinho" ou "pipa". (sim, eu estou no segundo grupo.)
Vai dar briga. Mas vai passar rapidinho.
Os jogos roubados são os mais comuns, os mais polêmicos e os mais divertidos.
Os jogos roubados mais divertidos são os roubados em grupo e descaradamente.
Todo mundo sempre topa jogar. A gente sempre lamenta não ter levado um baralho para algum lugar.
Ele tem acompanhado as noites urbanas há muito tempo, e é o passatempo mais divertido de madrugadas passadas em sítios.
Qualquer filme que tenha máfia, dinheiro ilegal, homens sedutores de chapéu, cigarros que nunca acabam e tiros que nunca acertam o Don Juan da parada precisam de uma cena crucial em volta da mesinha redonda, que tem grandes chances de ser derubada no final da partida.
Qualquer um teve que aprender a fazer o leque com as cartas, não foi só você.
Nada melhor para facilitar a intimidade. Quer aumentar a interação de grupos de amigos diferentes que estão em um mesmo ambiente? "Galera, vamos joga baralho?"
Toda professora já confiscou um no final do semestre.
E eu acho extremamente triste que muitos acabem ficando viciados no jogo, assim como fico extremamente triste com qualquer tipo de vício. Acho um horror quando jogar se torna uma compulsão e uma forma de se apostar o dinheiro que não se tem.
Mas adoro o lado saudável do baralho. A versatilidade e a simplicidade de uma partida já animaram muitas tardes da minha vida, e continuam preenchendo alguns domingos pós almoço, naqueles em que a gente lembra o quanto é legal ter amigos.
domingo, 11 de julho de 2010
Pacato Cidadão
Eu te vi tentar, eu me lembro. Eu me lembro que você realmente queria. Mudar. Ser melhor. Melhorar as coisas também. Ser mais feliz.
Eu me lembro ainda que eu te dei forças, a gente sabia qual era o caminho, e de repente, parecia que todo mundo sabia qual era o caminho. Era tão óbvio! É tão fácil.
Mas eu sei. O ombro pesou. Doeu, a consciência, o corpo até. E teve o baque da falta do conforto. Doeu, do mesmo jeito dói creser, e que dói aprender, mesmo que aprender seja no fim muito melhor do que nunca ter aprendido. Eu vi que as coisas foram acontecendo. Primeiro um imprevisto, depois outro. Eu senti o vento soprando para o lado contrário. Um vento gelado.
Eu também achei que podia ficar para depois. Eu também pensei bem, e vi que não era muito sensato. Imaturo, talvez.
Eu ouvi quando você chegou a falar no assunto, mas perdeu a confiança, não foi? Eu sei como tem sido difícil. Ninguém esperava isso, aliás, tem muita gente esperando outra coisa de você.
Eu te entendo. Eu te perdoô.
Eu sei que está doendo muito. Ainda mais do que antes.
Afinal, você é só um cidadão comum, meu Deus.
Mas você tem razão, era tudo tolice mesmo. Um sonho. Utopia, né?
Então... porque será que esse sufoco não sai do nosso peito?
Postado por: Marcela
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Eu precisava dizer.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Minha Restrospectiva Pessoal da Copa
Pensando nisso eu me dei conta que existem muitos fatos associados à Copa que foram extremamente marcantes para mim, mas que não vão entrar em nenhuma retrospectiva oficial (a menos que eu seja a grande promessa do futebol para 2014, e o futebol teria que mudar muito para isso ser perto de possível; tipo teriam que eliminar a bola, ou algo assim). Foi por isso que eu resolvi fazer a Minha Restrospectiva Pessoal da Copa, uma reunião de todos os fatos e situações relacionados aos mundiais que são inesquecíveis (para mim).
Minha Retrospectiva Pessoal Da Copa:
1998 - França
A primeira coisa que eu lembro sempre é daquele bichinho azul e vermelho, mascote da Copa da França, que é a primeira Copa da qual eu me lembro. Eu teimava que ele era um pica-pau, embora todo mundo o chamasse de "Galinho". Eu ainda acho que traduziram errado.
Lembro que na escola eu ganhei os antecedentes da vuvuzela: uma boquinha-apito verde e amarela, uma cornetinha verde, um palitinho que sustentava duas mãozinhas que batiam palmas (uma verde e uma amarela) e um apito amarelo que sumiu misteriosamente depois que eu fiz uso dele durante os 45 minutos do 1º e do 2º tempos do primeiro jogo, para desespero de quem assistiu comigo.
Eu lembro que nunca falava "Zidane", e sempre me referia a ele como "aquele cara careca", porque eu achava muito feio ficar falando palavrão, mesmo que o nome dele fosse um palavrão.
Eu lembro que fiquei inconformada do Pelé não ter sido convocado. Meu pai me disse que ele estava velho, que já tinha se aposentado. Mas eu pensava "Cara, é o Pelé! É o melhor do mundo de todos os tempos. Não é possível que ele desaprendeu tudo o que sabia." Achei um tremendo desperdício.
A minha irmã mais nova, usando todos os acessórios verdes e amarelos que ela conseguiu encontrar na casa do meu avô, inclusive uma fronha de travesseiro que ela amarrou no calcanhar, pulando igual uma pipoquinha e gritando "Brasil, Brasil, Brasil", durante os últimos dez minutos da final, quando perdemos para a França, é uma imagem que eu não vou esquecer nunca.
Aliás, eu não vou esquecer nunca a derrota para a França, especialmente porque a culpa foi toda minha. Eu tinha um estojo azul de lata onde eu guardava um régua de bichinhos que eu sempre levava nos dias de jogo. Era eu abrir o estojo na frente da Tv, o Brasil fazia um gol. É sério! Foi assim em todos os jogos. Aí, no dia da final, o que acontece? Eu esqueço o estojo em casa. É claro que o Brasil perdeu. Eu nunca vou me perdoar por isso.
2002 - Japão
Me lembro que o Brasil foi para a Copa na repescagem. Lembro que todo mundo estava xingando, e eu falava: pelo menos foi, isso é que é importante. Lembro que quando o Brasil ganhou eu me senti a mais entendida do assunto, e falava com todo mundo: "Aí, eu não disse?"
Eu amava o Felipão. Adorava o jeito que ele ia vestido para o campo (de moleton e tênis), adorava quando ele ficava vermelho de raiva ou de alegria. Eu achava que ele poderia ficar para sempre como técnico da seleção, e que aí ia ser moleza ganhar todas as Copas.
Lembro que eu assisti todos os jogos, mesmo os que foram de madrugada. Minha mãe me chamava e eu ficava sentada no sofá, para não correr o risco de dormir. Eu fazia questão de usar um pijama super velhinho que era meio verde. E eu adorava o fato de estar comendo pão de queijo no meio da noite.
Eu lembro que no jogo contra a Inglaterra, eu descobri um poder espetacular da minha irmã mais velha. Ela cochilava durante o jogo todo, mas era só ela acordar que o Brasil fazia um gol. Era tiro e queda. Então eu comecei a fazer barulhos e movimentos bruscos, para ver se ela acordava acidentalmente com mais frequência.
No último jogo, ela ficou acordada o tempo inteiro (porque foi por volta de 8h da manhã). E o Brasil ganhou. Estou cuidando para que ela nem pisque durante os jogos dessa Copa.
No dia da final, o meu avô nos deu dois canarinhos. Batizamos a fêmea de penta e o macho de hexa. Penta e hexa fugiram alguns meses atrás, quando o meu primo abriu a porta do viveiro. Ainda não sei se isso é um sinal (libertamos o hexa) ou um mal presságio (o hexa voou para longe de nós).
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Felicidade Clandestina
E eu estou aqui escrevendo, de novo.
E se eu contar o tanto que eu o quis, o tanto que eu esperei por esse momento, ninguém vai conseguir entender porque eu estou esperando tanto.
Na verdade, nem eu mesma entendo. Talvez seja a ansiedade de saber que agora ele pode ser meu, por inteiro. Depois de tantas vezes ter imaginado esse momento, eu talvez esteja com medo de me decepcionar, agora que ele chegou. Talvez eu esteja fazendo como Clarisse Lispector, em "Felicidade Clandestina": finjo não tê-lo, só para depois ter a surpresa de descobrir que o tenho.
Ah, me deixe fingir que não te tenho. Vamos simular, só por uns instantes, que todo o tempo que estive atrás de você foi perdido, que foi em vão que te procurei por tantos lugares. Vamos fingir que você ainda está nos meus sonhos, perturbando as minhas noites e os meus dias, com essa sua ausência tão presente.
E agora, eu vou distraída para o meu quarto, onde te encontro, onde finalmente tenho você. Me permita sentir mais uma vez a sua existência inundando a minha vontade.
E embora eu pudesse viver para sempre na sensação desse jogo, de não ter só para depois descobrir que tenho, eu o quero de verdade. Por inteiro. E eu sei que depois dele nada será como antes. Pode parecer um exagero, mas eu sei que muitos me entendem.
Afinal, não acredito que eu seja a única que se apaixone por livros.
"Tudo se Ilumina", de Jonathan Safran Foer, hoje você vai finalmente ser meu. ;)
Postado por: Marcela
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Brasil !
Sim, eu sei que falta qualidade técnica, futebol arte e amor à camisa. Eu sei que o Robinho não é lá essas coisas, que o Luís Fabiano conta demais com a sorte e com uma "mãozinha", eu sei que o Júlio César não é o melhor goleiro do mundo, e que o Kaká nem é tão gato assim, ele só se detaca porque não tem concorrência. Eu sei que ninguém explica o Grafite.
Eu sei que os jogadores ganham milhões para participar da Copa, e que a maioria de nós não vai ganhar nem a metade disso durante toda a vida. Eu sei que a Fifa tem muito dinheio, eu sei que a Globo ganha uma grana preta, e que o Galvão Bueno deve saber de algum segredo muito importante da emissora, para ainda ser mantido lá.
Eu sei que a Argentina está muito bem, obrigada.
Eu sei que o nosso patriotismo só aparece na época da Copa. Eu sei que as eleições estão aí. Eu sei que, no fim das contas, tudo é marketing.
Eu não ignoro os problemas, os erros, as confusões. Eu sei de tudo isso.
Mas eu torço, eu choro, eu vibro. Eu amo Copa do Mundo.
E não é por causa do futebol não, que eu gosto, mas nem tanto assim. Eu amo realmente a Copa do Mundo. O fato de ser um evento que movimenta pessoas no mundo inteiro, e não é uma guerra, nem uma corrida por territórios ou recursos minerais. É esporte. E é torcida, muita gente vibrando por um único motivo, torcendo pela mesma coisa, mandando energias positivas em um único sentido. É a alegria de muita gente, que só tem isso: essa esperança de perceber como as coisas se encaixam, como para tudo se dá jeito, como de alguma forma a gente se une. A gente é capaz de se unir! De querer todo mundo a mesma coisa, uma vitória que seja de todos, que seja para todos.
É pelo Brasil que eu torço quando a seleção entra em campo. É por nós que eu vibro, pelo povo. Não é só na Copa do Mundo que eu torço pelo povo, e é claro que eu queria que essa fosse uma realidade de maneira geral. Eu queria que todo mundo mandasse essa energia positiva coletiva para várias outras coisas, eu queria que a gente se articulasse assim também no dia a dia. Eu sei que isso devia ir além da Copa do Mundo.
Mas essa consciência de que de maneira geral as pessoas agem assim só durante a Copa, não a torna menos bela, includente e mágica. Eu não vou condenar um momento importante, só porque sei que deveriam haver muitos outros nas mais diversas situações.
Eu sei. Sei de todos os argumentos.
Mas eu sei também que eu torço pela nossa alegria, e para que a gente perceba a nossa força e a nossa capacidade de mandar o Brasil para frente. O Brasil, literalmente.
Postado por: Marcela
domingo, 20 de junho de 2010
Brasil .
O apita soa. Rompem-se as fronteiras.
190 milhões de corações batem num ritmo compassado, ensaiado para torcer.
O hino toca e toca os corações.
Os olhares estão voltados para a majestade, a bola. E seus súditos como que correm para referenciar sua soberania, e o jogo começa.
É muito mais que um esporte, é uma vida. E que vida. Emocionante, ardente, vibrante.
E então a respiração cessa. E o único barulho que se ouve é o som seco da bola rasgando o ar, passando pelo goleiro.
Som seguido por gritos de uma felicidade contagiante, alucinante.
É uma NAÇÃO unida, para torcer , amar, apoiar e acreditar na Seleção, para poder mostrar para um MUNDO que
Felicidade é ser BRASILEIRA !
Postado por : Jéssica
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Sensações
Eu me delicio quando vejo um livro velho, e começo a imaginar por onde ele passou. Quantas mãos já o tocaram e o quanto elas se deliciaram com cada página, cada palavra.Isso me ativa uma curiosidade imensa – como se um dia eu pudesse descobrir a história de um livro: por onde ele passou e que mudnaças ele deixou.
Mas não venha me dizer que tem coisa melhor que cheirinho de Melissa nova, por que vou descordar até a morte. Gente, alguém sabe me descrever aquele cheirinho ? É tão bom ! Ele mescla o cheiro de chiclete de tutti frutti, com o de roupa nova e não mais o quê. Só sei que é único. Inconfundível. E que ainda não consegui comparar a nada, ou explicá-lo.
E quando eu oucço Ray Charles, Dione Warmwick ou qualquer cantor antigo ( o que é um termo que eu não gosto muito de usar) ? Meu Deus, é como se eu tivesse ido no show de lançamento da música, subido no palco e cantado, junto com ele. E tenho saudade disso. Saudade de algo que nem vivi. Mas quero viver e reviver se possível.
São sensações bobas, mas que afloram à for da pele com uma intensidade tão forte. Tão inexplicável. Ah, são as pequenas coisas da vida que passam despercebidas para alguns olhares, mas que cá entre nossos são irresistíveis pra mim !
Postado por: Jéssica
Escrever.
Então bem-vindos ² a esse infinito particular.
Meu legado, meu talento, meu tudo são as palavras.
Postado por: Jéssica