quinta-feira, 9 de junho de 2011

Se eu pudesse me dar um conselho

Postado por Infinito Particular às 07:54 0 comentários
Se eu pudesse me dar um conselho, diria que tudo vai ficar bem. Se eu pudesse me dar um conselho, diria tanta coisa, e com tanto amor, que seria capaz de me ouvir mesmo quando pareço muda diante de tudo.

Mas para me dar um conselho eu teria que me despir de todos os meus conflitos, meus pensamentos negativos e culpas, meus sonhos irrealizáveis e infantis. Eu teria que sair de mim e me olhar nos olhos, eu teria que levar minha mão ao peito e provar que ele ainda está batendo. Eu teria na verdade que fingir que eu era outra pessoa, uma pessoa que essa eu de fora conhecesse inteiramente, e amasse muito apesar de saber de todos os defeitos.
Só então eu poderia me dar um conselho próximo a tudo aquilo em que acredito, um conselho daqueles que me atrevo a dar para tanta gente, com carinho e sem pretensão. Só se eu alcançasse um amor próprio livre de culpas e zelos, um amor como o que tenho pela própria vida, eu teria ouvidos para me ouvir e coração para entender. Só com a minha fé desfeita das camadas de senso comum e moralismo que de alguma forma permanecem comigo é que eu poderia me dar um conselho, e tentar então seguir esse conselho.
Para me dar um conselho eu precisaria sofrer dores que não desejo para ninguém, e passar por elas com a serenidade que um dia eu já notei nas palavras de alguém. Eu teria que ir bem mais fundo em mim mesma, revelando verdades e segredos, e sonhos e medos e perguntas. Eu teria que assumir o risco da loucura, e sentir o frio de não ser nem levemente compreendida. Eu teria que ser mais forte do que acho que sou, e ser calma e paciente como se até hoje eu só tivesse experimentado a doçura e a paz. Eu teria que me frear e me impulsionar ao mesmo tempo, e me amar com um amor bem mais limpo do que a gente costuma provar em vida. Eu teria que me amar como quem chegou a entender, realmente, o que é viver.
Eu tenho tentado me dar um conselho.

Postado por: Marcela
 

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