segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Não julgue o livro pela capa.

Postado por Infinito Particular às 14:35 0 comentários

Minha ideia inicial era escrever esse texto somente sobre livros, porque quando estava numa livraria outro dia fiquei pasma (PAS-MA) com as algumas (poucas, eu sei) capas que simplesmente desvalorizam o trabalho do autor: são capas mal feitas, com imagens que não se assemelham em NADA com a capa do livro (por isso o título); ou que, simplesmente ignoram qualquer conceito de organização.

Ok, não é certo usar aparências e levá-las em conta pra conhecer alguém, ou no caso, decidir qual livro levar, mas me diga: como não fazê-lo? Você tem muito mais vontade de comprar um livro que tenha uma capa interessante, chamativa, provocante que te incite a pegar o livro e pelo menos ler a contra capa para saber se a sinopse completa aquilo que a capa te dá apenas uma pista.

E então fiz uma breve analogia à política, e às propagandas políticas, cá entre nós: dá vontade de ficar ouvindo essa ladainha de coisa de pobre ou de rico? Ou que fulano no PASSADO não deu conta e que agora não vai dar também? Ou quem sabe que fulano se contradiz? Que eu saiba votamos em um candidato porque acreditamos em suas propostas para o FUTURO, e não porque ele foi o ‘melhorzinho’ que sobrou depois de revelações sombrias do PASSADO.

 Claro que não vamos votar naqueles que sabemos ser desonestos até o dedo mindinho do pé, mas um governante não será o a pior escolha por ter, em sua linha partidária, candidatos que não se saíram bem, que foram corruptos. Mas poxa que tal mudar o discurso, e ao invés de ficarem nesse ping pong de xingamentos, agressões e revelações, disserem o podem fazer daqui pra frente pelo país , e pelo povo. Precisamos de discursos formadores de opinião, e não que apenas joguem as informações aleatoriamente atirando apara todos os lados e esperando atingir o alvo o mais rápido possível.

Não quero um país que tenha um governante escolhido por eliminação, falta de opção. Não quero o melhorzinho. Quero o melhor, para que o país seja assim, daqui pra frente.


Postado por: Jéssica

Coloca na conta de quem?

Postado por Infinito Particular às 05:13 0 comentários
Tropa de Elite 2: Segura que agora eu vou falar tudo.


Não vou fazer uma análise do filme aqui, mesmo porque eu não tenho conhecimento suficiente nem em cinema nem em segurança pública para poder afirmar qualquer coisa, seja boa ou ruim.

Mas acho que preciso falar algumas coisas que eu penso, meus palpites e impressões sobre o filme e, principalmente, sobre a realidade na qual ele se inspira.

Para começar: eu chorei da primeira até a última cena. Sério. A primeira lágrima escorreu dos meus olhos logo no começo do filme, quando um dos protagonistas, um ativista dos direitos humanos, o Fraga, faz uma perspectiva de quantas pessoas estarão na cadeia no Brasil, nos próximos anos. Ele diz que uma parte pequena da população estará livre (seus filhos, seus netos e seus bisnetos) e que uma grande parte estará na cadeia (seus filhos, seus netos e seus bisnetos). Isso me chocou porque, pior do que saber que seu filho sofreu nas mãos de um bandido, é saber que seu filho é um bandido.

A partir daí muita coisa me fez chorar. Não que eu tenha estômago fraco para cenas violentas. Acontece que eu fico pensando o tempo inteiro que aquilo é realidade. Claro, guardadas as devidas proporções. Aquilo tudo ali acontece no nosso país, com centenas de pessoas. Toda aquela tensão, aquele sofrimento e aquela intimidade com a violência: é mutio triste que isso seja real. 

E o grande problema é que nenhum dos artifícios que temos usado como solução tem resolvido alguma coisa. O Bope não soluciona o problema, e isso fica muito claro no filme. O Bope tenta, em alguns casos parece que acerta, mas é impossível saber até que ponto matar um criminoso sem escrúpulos contribui para a paz. Mesmo porque, sempre aparecem outros. "O sistema se reorganiza". Como diz o Fraga, essas ações se assemelham a uma "limpeza étnica", que nós tanto condenamos em guerras civis de outros países, como diz o Coronel Nascimento, "para o povo, bandido bom é bandido morto". Temos uma situação sendo controlada, e fugindo do controle, sendo modificada e se reconstruindo, sendo atacada e se reerguendo, temos uma movimentação, mas até agora nenhuma solução efetiva.

É desolador ver o capitão Nascimento sem saber o que fazer da vida. Muito mais forte do que qualquer cena de tiro a queima roupa, é a cena do principal homem da polícia do Rio de Janeiro, sentado diante de uma CPI que não vai dar em nada, dizendo que acha que a polícia militar deveria acabar. Um homem que dedicou 21 anos da sua vida a segurança pública, falando o seguinte: "Quando tinha dez anos o meu filho me perguntou porque o meu trabalho era matar. E eu não sei responder a pergunta dele". Eu sempre tive vontade de levar o capitão Nascimento para casa (por motivos óbvios, mas que não vou expor aqui porque esse post trata de assuntos sérios), mas nesse momento eu realmente queria abraçá-lo com toda a força, e chorar essa triste percepção de que as coisas não tem solução, e mentir que ia ficar tudo bem só para que ele visse algum sentido na própria vida.

Mas, se é difícil lidar com os bandidos declarados, imagine o que é lidar com os bandidos disfarçados. Agora é quando dói mais fundo: temos um "sistema" dentro poder, temos uma corrupção injustificável ditando o comportamento daqueles que deveriam cuidar da sociedade. Tanto na polícia quanto na política, revolta ver toda a sujeira que sustenta uma realidade de dor para tanta gente.

Primeiro a polícia: a quem recorrer se grande parte da polícia está corrompida? Até que ponto um policial pode se afundar na sujeira? Porque é claro que alguns acham que um suborno não vai mudar nada, que um desvio de verba é algo natural, todo mundo faz, aceitar o dinheiro de um traficante não vai mudar a situação do país. Mas aí, quando se vê, parece que não existe mais saída, e os contornos do certo e errado vão se apagando. Não é novidade que a polícia é, em grande parte, possibilitadora do tráfico de drogas e de toda desgraça proveniente dele. A polícia é a utopia do povo, o que faz com que fiquemos em casa, quietos, esperando que as coisas melhores pelas mãos das autoridades competentes. A polícia tem licença para matar. A polícia, por muito tempo, permitiu a existência das milícias, mais uma invenção brasileira que faz a gente se perguntar quais surpresas desagradáveis ainda podem aparacer no nosso país. Uma "proteção" que se faz valer pela força, um mal que protege de um mal maior (ou melhor, de um mal oficial) são parte do discurso de fundamentação da polícia e da milícia. Não por coincidência, não dá para confiar em nenhuma delas.

Cabe aqui uma ressalva muito, muito importante: não estamos falando de TODA a polícia. Na verdade, acredito inclusive que estejamos falando de uma minoria, mas infelizmente, uma minoria que tem força suficiente para se sobressair. Neste aspecto, o filme pode gerar uma grande confusão, e atrapalhar o trabalho honesto e bem intencionado de muitos policiais. Peguemos como exemplo o próprio Rio de Janeiro. O trabalho da polícia pacificadora é inédito e promissor. Nunca a polícia agiu com tanta tranquilidade, usando tanto o diálogo e nunca promoveu tanto a paz - a paz em si, e não a paz proveniente da guerra. Matérias sobre as Upps foram publicadas em veículos importantes, como o Jornal New York Times, e a revista piauí. Muitos policias da polícia pacificadora são jovens que não se corromperam com o sistema, que ainda tem a cabeça aberta e acreditam na importância do seu trabalho. Bem, tem dado certo. Só que eles lidam o tempo inteiro com um ingrediente muito subjetivo: a confiança. Não por acaso, a confiança dos moradores da favela na polícia ainda é muito isntável, e é preciso tomar cuidado, pois o menor erro pode ser fatal. Há décadas os moradores das comunidade sofrem com os erros com uma polícia de guerra, e a idéia de uma polícia de paz parece inconcebível. Talvez o filme influencie negativamente nesse aspecto. Mas é importante ressaltar que o filme mostrou uma realidade, não todas as realidade. Sempre há exceções.

Exceções existem também na política. Políticos sérios e reponsáveis, que tem a concepção do que é ser um representante do povo, que saibam usar a palavra para discutir idéias e transformá-las em ações, existem. Existem "deputados Fraga". Eles são as exceções. Infelizmente, e quando eu digo infelizmente estou usando toda a força e profundidade dessa palavra, a regra na política brasileira são políticos que se elegem por interesse próprio. E o interesse prórprio deles é sempre acumular dinheiro da maneira mais fácil possível. E a maneira mais fácil para eles é a mais difícil para o Brasil. A corrupção não é só falta de vergonha não, gente. A corrupção é a mola propulsora da violência. É vergonhoso, mas toda essa triste realidade do Brasil só é possível porque a nossa voz está em bocas compradas. Nossos representantes fazem parte do sistema.

"O sistema é muito maior". Com essa fala, o capitão Nascimento chega a conclusão de que o governo está intimamente ligado a tudo isso. Neste instante, acredito que quem assiste o filme só consegue pensar uma dessas três coisas: A) Que porra é essa? Nós tamo é tudo fudido nessa disgraça desse país. B) A solução é fingir que nada disso acontece, continuar com nossos velhos conceitos e assistir bastante novela, para ficarmos bem alienados e não sofrermos com tudo isso. C) Tem alguma coisa muito errada nisso tudo. Eu não sei como, mas isso tem que mudar.

E embora a A e a B sejam opções muito sedutoras, eu prefiro ficar com a C.

E por fim, fica a pergunta: Coloca na conta de quem? Quem vai responder por todos esse erros? Pelo visto, não existe um único culpado.
O jeito para nós, braileiros, é começar a agir, ou pelo menos a pensar. É fazer alguma coisa, antes que tudo não cabe caindo na nossa conta.

Postado por: Marcela
 

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