sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Para o professor;

Postado por Infinito Particular às 16:47 0 comentários

Sabe porque a greve dos professores teve que acabar?

Porque longe dos gabinetes, a vida continuava para quem não tinha a paralisação como apenas mais uma dor de cabeça, mas sim como a única e desesperada maneira de chamar a atenção e dizer: “Não está funcionando”.

Qualquer um que tiver a oportunidade de ir a uma escola estadual de ensino médio pode apontar as situações que simplesmente reafirmam o quanto ser professor é fazer mágica, e superar o caos sabe-se lá como.

A greve teve que acabar porque os professores sabem os nomes dos alunos, sabem o jeito da letra deles e as dificuldades que passam a vida. Aí um dia a mais era sempre um dia de resistência, mas também um dia de uma culpa por não estar ensinando, que é só o que se pode fazer para esses milhares de jovens que ocupam as cadeiras das escolas públicas.

A greve não pôde continuar porque as dívidas chegavam, e os professores tem filhos, netos, casa, eletrodomésticos a prestação, cachorro, luz elétrica e mais uma porção de coisas dependentes do salário que chega no fim do mês, depois de um trabalho inegavelmente exaustivo. Salário que não estava chegando, em função da greve.

A corda cedeu do lado mais fraco, e quem disse que essa brincadeira é justa? Medir força não é medir merecimento. 

Um desencontro de informações e um stress inevitável de quem tinha que passar pelo centro de Belo Horizonte e que não tinha culpa da situação lamentável dos professores também são fatores que deixaram a chama se apagar, de cansaço. 

A greve teve que acabar porque o estrago de uma greve NUNCA será maior que o estrago de uma geração de professores desmotivados, mas seus efeitos imediatos são mais devastadores. E nós somos uma sociedade imediatista.

O que eu menos queria no dia dos professore era balançar a bandeira da realidade e deixá-los ainda mais decepcionados, mas sinto que é preciso voltar no assunto para que tudo não seja em vão. É preciso dizer que eu apoio vocês, que os alunos que eu conheço apoiam vocês e que existe um sem número de pessoas que ainda não descobriu como soltar a voz que realmente apoia vocês. Existe, é claro, uma parte que é contra. Esses se dividem em dois: uma parte ignorante, fruto de um sistema educacional fragilizado e uma parte que analisou os acontecimentos e se reservou ao direito de exercer a liberdade de opinião, que é fundamental e é uma das principais funções da educação. 

De qualquer forma, só falei nisso para que meus parabéns não sejam vazio. Parabéns, professor, pela insistência naquilo que é a base da base da base para qualquer evolução social: a educação.
Parabéns pela luta, e pela doçura, pelo esforço, pelo malabarismo, pelo carinho, pela severidade, pelo humano, pela arte das artes. 

Parabéns por estar no jogo, onde as verdadeiras mudanças acontecem. Parabéns por arregaçar as mangas numa sociedade que fala muito e faz tão pouco. Parabéns por fazer.
Desculpe os cansaços e as decepções. Obrigada pela infância preservada e pela construção do ser. 

Parabéns pelo seu dia.

Aceite os meus desejos de que a vida de vocês seja um retorno de toda a luz e bem que promovem. E desculpem se é só isso que posso oferecer, depois de tanto ter recebido de vocês. 

Postado por: Marcela
 

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