sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Tudo novo de novo

Postado por Infinito Particular às 06:48 0 comentários
Brilhava estrela amiúde no céu recortado em cor, era uma noite comprida toda feita de ansiedade, e em cada canto da cidade se ouvia um canto novo, que a gente cantava  esperando que alguma coisa mudasse. Não se pausaram as brigas, não creio assim num só dia, a vantagem da virada era a alegria prometida, como se o amanhecer com o novo número trouxesse uma sorte astrológica, como se amar fosse a lógica depois que nascesse o dia. Era uma noite comprida que nem acabava mais, era um dia brincando de se demorar demais, e a gente brindando a vida de um jeito que não se faz, mas não é que deveria ter mais tempo dessa paz? Era uma noite nova, mas que no fundo era igual, e a gente contando as horas - parecia tão normal - comemorar o dia que chega, que a gente nem percebe, nos outros dias do ano, que do dia primeiro seguem. Os carros ainda partiam para lugares quaisquer, as dores ainda doíam e nem aliviavam sequer, o dinheiro ainda faltava, o amor ainda fugia, as fábricas ainda apitavam nas suas sonsas rotinas; o novo era só a vontade, era só a verdade mais clara: de que o que muda é nossa escolha; que o universo só espera que esse toque, de ano novo e ano bom, todo dia se renove. Como a manhã que é fresca a cada vez que a gente acorda, a vida tem o frescor pra quem com ela se importa, como se fosse ano novo, amanhã e depois também, e no carnaval ano novo e na quarta um dia além. É como se fevereiro fosse sempre dia primeiro, e setembro trouxesse a primavera e todo dia uma nova era, como se fosse novo também o dia de natal, e a gente emendasse 2011 em 2012, 2013 e 2014, e os dois mil e todos numa só festa, e a gente perdendo a conta: mas hoje é ano novo? Claro! E amanhã é de novo, e as noites todas compridas e os dias nascendo em glória, e as pessoas reunidas brindando o tempo que anda, pra frente e pra dentro da gente, a vida que vai deslizando, não para, não pode parar...

Postado por: Marcela

sábado, 24 de dezembro de 2011

Que se faça Natal.

Postado por Infinito Particular às 09:37 1 comentários
Era uma vez eu, sem saber o que escrever nesse Natal pra vocês.

Aliás, faz muito tempo que não escrevo nada, principalmente aqui. Me afastei dos textos e poemas por diversos motivos, mas espero e quero abandoná-los e voltar a escrever como fazia antes.

Mas não é isso que vim dizer. Vim desejar a vocês o ‘clichê’ que nunca sai de moda: paz confortante, amor ingênuo, saúde, fé que move e prosperidade no ano que se aproxima. Que seja um ano de realizações e de simplicidade! 


Porque isso é Natal: o nascimento do menino Jesus despertando em nós a essência dos mais belos e sinceros sentimentos. E seria perfeito que esses sentimentos puros e verdadeiros crescessem dentro das pessoas e viga-se não só no ano novo, mas em todos os anos que virão.  E como exemplo de Natal queria que vocês vissem esse vídeo, que achei simples, mas tão sinceros que é capaz de transformar. Um vídeo que as pessoas falam através do coração e mostram a importância das outras na vida delas. Não sãos bens materiais que fazem a diferença nesse mundo, são as pessoas. São elas que amam, constroem, sentem, vivem. 

Então seja e faça a diferença. É esse o meu maior desejo para o próximo ano: para que as pessoas se importem com as outras. Façam nascer a esperança de que todos possam abraçar essa causa com toda a fé... e não sei mais o que dizer. Só assistam: não tem palavras bonitas nem músicas tocantes, mas tem um sentimento tão profundo de gratidão e de humanidade, que não há como não se emocionar.


Que se faça Natal, que se faça o bem.




"Todo mundo tem o talento de fazer o bem".

Feliz Natal, e um ano repleto de realizações e de ações.

Um 2012 do bem




PS. Marcela companheira-de-blog me perdoe por abandonar o blog, mas estou de volta, e quero dar o melhor de mim em 2012 (ainda não estou na melhor forma).


Postado por: Jéssica.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal

Postado por Infinito Particular às 17:38 1 comentários

Fiquei pensando nas mensagens de Natal que poderia escrever para tocar: decidi escrever sobre Deus. Não sobre a entidade, mas sobre o sopro que sei que existe, não sei como nem porque nem onde nem quando.
Queria falar sobre Deus, mas não sobre o que nasceu na manjedoura 2011 anos atrás. Quero falar do Deus que nos socorre quando tudo dá errado nessa vida moderna estranha e cheia de falhas que a gente resolveu inventar. 

Muitas das pessoas que eu admiro e que falam com propriedade do desenvolvimento humano e da justiça social são ateus. Não vou deixar de admirá-los por isso. Por outro lado, não vou negar minha fé. A razão não é o oposto do transcendental, como não é o oposto do sentimental, mito que existia e já caiu. Acredito em Freud, em Darwin, em Marx e em Deus. Acho ótimo que a gente tente explicar pela ciência coisas que a religião insistia em falar que eram assuntos divinos. Não quero Deus para o inexplicável: quero Deus para o cotidiano, límpido e transparente.

Minha fé é majoritariamente católica, mas passa por várias outras crenças e cria caminhos novos que ainda não foram rotulados em nenhuma religião. Para muita gente posso até ser considerada herege. Mas suspeito que é essa liberdade de acreditar que sustenta minha fé. As respostas que eu mesma encontrei me fizeram ver um Deus maravilhoso. Um Deus conosco.

O Natal é bonito porque nele Deus é menino. O meu Deus também é menino, embora algumas vezes seja pai, em outras seja uma luz e em alguns casos seja até um vazio. Meu “Deus é leve e ri”, como o de Rubem Alves. Meus Deus não castiga. O que torna a minha fé viável, e a minha própria vida viável é o fato de saber que meus problemas não são uma provação divina, nem um castigo. São simplesmente problemas que surgem dessa teia social que a própria humanidade teceu, que não é lógica e tem muitas falhas, como todo ser humano. Mas que também é o que nós mantém seres pensantes e capazes de amar. Assim acabei me convencendo que se eu viver esperando uma espécie de recompensa ou justiça dos céus nunca vou ser feliz. Gosto muito de um trecho do livro A Cabana em que Deus fala assim “Eu crio um bem incrível a partir de tragédias indescritíveis, mas isso não significa que as orquestre. Nunca pense que o fato de eu usar algo para um bem maior significa que eu o provoquei ou que preciso dele para realizar meus propósitos. Essa crença só vai levá-lo a ideias falsas a meu respeito. A graça não depende da existência do sofrimento, mas onde há sofrimento você encontrará a graça de inúmeras maneiras”. 

O meu Deus tira graça do sofrimento. O meu sofrimento é suportável, não porque espero que depois dele eu receba a recompensa divina, mas porque estar na Terra é sofrer também: o milagre já aconteceu, minha própria existência é o bem maior que todo o resto. Ser já é suficiente. 

Mas mesmo assim eu peço a Deus que solucione, que resolva, que me ajude por favor, por favor, por favor. Eu choro, acendo velas, faço orações, porque acho que todo ritual de fé é também um estar em mim. Então ele me ajuda. Porque Deus mora em mim. “Namastê: o Deus que mora em mim saúda o Deus que mora em você”. E, criada essa intimidade, eu peço perdão. Pelas coisas que eu acho erradas, que se resumem basicamente em afetar negativamente a vida de alguém. Peço desculpas, sabendo que vou errar de novo. Mas o perdão Dele, inegável, automático e total, me ajuda a me tornar uma pessoa melhor.

E então eu agradeço. Agradeço muito. Mas agradeço pouco por tanta graça. Pedindo ajuda, pedindo perdão e agradecendo, eu me entendo com Deus, que é o que nasceu na manjedoura e também o que é a chuva e o sol. Me entendo com o meu Deus e fico imensamente feliz por acreditar. E por meio dessa fé crio caminhos mais bonitos para o prático e o científico e me aproprio de coisas realmente importantes na era da vida de plástico e chumbo. E comemoro o Natal, como mais um momento de renovar a minha fé e o próprio mundo. 

Postado por: Marcela
 

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