terça-feira, 23 de novembro de 2010

Se eu pudesse te dar um conselho

Postado por Infinito Particular às 03:49 2 comentários
Se eu pudesse te dar um conselho, eu diria que você pode ter certeza que as coisas vão dar certo.


E diria também que dar certo não significa que vão acontecer do jeito que você imaginou. E diria ainda que é melhor você não imaginar demais, porque pode acontecer que os seus sonhos sejam detalhados demais, desenhados demais, e não se realizem exatamente da forma que você pensou que seria. E aí vai doer em você, e mesmo que eu diga que avisei, vai me matar, porque simplesmente me mata te ver sofrer.
Se eu pudesse te dar um conselho eu diria que o mundo é assim mesmo, e que se agente ficar esperando sempre por uma justiça, ou uma espécie de recompensa baseada na matemática (eu merecedora + oportunidade compatível = meu sonho realizado), a gente vai sofrer demais, e vai se olhar no espelho, de repente com 65 anos, e um número pequeno de lembranças para contar nos dedos. Eu diria que todo mundo tenta fazer a gente acreditar que estamos caminhando simplesmente para chegar num lugar lindo e perpétuo chamado realização pessoal. Só que é mentira. Porque esse oásis não existe. Mas não se decepcione: na verdade, o caminho em si é lindo, muito mais lindo do que a gente costuma perceber. É claro que quanto mais a gente se cuida melhor ele vai ficando (o passo é o que faz o caminho). Mas, por favor, não viva uma vida superficial esperando pelo boom de realização. Seja alguém melhor hoje, e seja feliz hoje.

Se eu pudesse, enfim, te passar todas as minhas experiências ruins e frustrações já processadas, naquela fase em que já viraram lição de vida ou, no máximo, uma dorzinha seca que a gente sente às vezes no fundo da garganta, eu faria isso com urgência, e isso me daria paz e alívio. Só que ficou estabelecido que cada um tem que cometer seus próprios erros, ter suas próprias decepções e lidar de maneira pessoal e intransferível com a carga de dor que faz parte da vida. Então, eu só posso ficar aqui na torcida, pedindo que por favor, por favor, por favor, supere as tristezas e não chore, meu amor, não chore nunca mais.

Se eu pudesse te dar um conselho eu diria que tem tantas opções escancaradas na sua frente que eu não sei porque a gente insiste em escolher uma só. Eu diria que a vida não é uma questão de múltipla escolha, mas um texto dissertativo argumentativo com cerca de um milhão de linhas. Você não precisa ser de um jeito. Você pode ser de todo e qualquer jeito que te faça bem.

Se eu pudesse te dar um conselho eu pediria que acreditasse em mim. Mas sinto que já não posso; sei pouco ou quase nada daquilo que você domina, não tenho o status do sucesso nem a segurança da idade, não tenho nem mesmo como provar que sou feliz, ou como provar que qualquer uma das minhas teorias funciona que é uma maravilha.

Eu queria te oferecer algo mais concreto e instantâneo que um conselho.

Mas, além do meu amor por inteiro, é só isso que eu posso te dar; conselhos. Então, se me permite mais um único, aí vai: seja feliz, e só.


Postado por: Marcela

domingo, 14 de novembro de 2010

Quem sou ?

Postado por Infinito Particular às 11:16 0 comentários

Sou a personificação das ilusões e desilusões;
Dos sentimentos e tormentos;
Das tentativas e tentações;
Dos novos horizontes, das fortes opiniões.

Sou a personificação da música, da arte
Da vida tão perto ou lá em Marte;
Do sonho que ainda não virou realidade,
Da eterna idade de um jovem, eternidade.

Sou eu retrato de cada legado.
Sou a expressão do impossível.
A vida é tão confusa quanto eu.
Sou Clarice Lispector - ou pelo menos me atrevo a ser..
Sou a (dú)vida em pessoa.
Digo meu nome noite e dia;
Dia e noite tento entender que carga ele tem.
Às vezes sou eu, e às vezes meu oposto.
 Será que eu me completo?
Completa ou não, meu refúgio são as palavras.
Mar sem águas, mas que me faz mergulhar profundo.
Num mundo guardado, ou melhor, escondido aqui dentro.
                               Do lado esquerdo. Além da carne.

Jéssica Gomes

Poema Ganhador do 16º Concurso de  Redação da ETFG-BH

Eu ?

Postado por Infinito Particular às 11:14 0 comentários

Tenho dois eus dentro de mim que brigam por espaço.
Um eu é misterioso, pensativo, confuso, apreensivo e difícil de entender. Quando ele surge, é como se um vento gélido passasse pelos meus cabelos e um arrepio corresse em meu corpo. Ele se revela aos poucos, mas se sobressai nas dúvidas, angústias e principalmente, nos meus maiores medos.
O outro eu é alegre, espontâneo, atrevido e porque não dizer, vivo. É expansivo e volumoso e traz consigo uma felicidade abundante, que aquece, emociona, colore o dia. Mas é inseguro, cercado de tanta felicidade tem medo de perdê-la, e acaba se curvando ao poder de persuasão e convencimento do eu misterioso.
Eles se confundem, e me confundem. Misturam-se, e me deixam instável. Separam-se e me deixam vulnerável.
Quiseram botar nome em mim, nos dois eus que possuo. Chamaram bipolaridade. Mas não tenho nenhum transtorno, não. Eu só tenho o direito de ser eu. Que sejam dois três, um pra cada dia.
Mas querem me prender, querem prendê-los. Para libertá-los eu escrevo. Expresso o que só eu sei, o que sinto. Ou pelo menos tento.
Mas não importa o que pensam do que escrevo. Escrevo por mim.
Tenho duas pessoas aqui dentro, que não deixam de ser eu. E ambas acreditam em mim.

Jéssica Gomes


Crônica Ganhadora do 16º Concurso de Redação da ETFG - BH
 

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