Pensando nisso eu me dei conta que existem muitos fatos associados à Copa que foram extremamente marcantes para mim, mas que não vão entrar em nenhuma retrospectiva oficial (a menos que eu seja a grande promessa do futebol para 2014, e o futebol teria que mudar muito para isso ser perto de possível; tipo teriam que eliminar a bola, ou algo assim). Foi por isso que eu resolvi fazer a Minha Restrospectiva Pessoal da Copa, uma reunião de todos os fatos e situações relacionados aos mundiais que são inesquecíveis (para mim).
Minha Retrospectiva Pessoal Da Copa:
1998 - França
A primeira coisa que eu lembro sempre é daquele bichinho azul e vermelho, mascote da Copa da França, que é a primeira Copa da qual eu me lembro. Eu teimava que ele era um pica-pau, embora todo mundo o chamasse de "Galinho". Eu ainda acho que traduziram errado.
Lembro que na escola eu ganhei os antecedentes da vuvuzela: uma boquinha-apito verde e amarela, uma cornetinha verde, um palitinho que sustentava duas mãozinhas que batiam palmas (uma verde e uma amarela) e um apito amarelo que sumiu misteriosamente depois que eu fiz uso dele durante os 45 minutos do 1º e do 2º tempos do primeiro jogo, para desespero de quem assistiu comigo.
Eu lembro que nunca falava "Zidane", e sempre me referia a ele como "aquele cara careca", porque eu achava muito feio ficar falando palavrão, mesmo que o nome dele fosse um palavrão.
Eu lembro que fiquei inconformada do Pelé não ter sido convocado. Meu pai me disse que ele estava velho, que já tinha se aposentado. Mas eu pensava "Cara, é o Pelé! É o melhor do mundo de todos os tempos. Não é possível que ele desaprendeu tudo o que sabia." Achei um tremendo desperdício.
A minha irmã mais nova, usando todos os acessórios verdes e amarelos que ela conseguiu encontrar na casa do meu avô, inclusive uma fronha de travesseiro que ela amarrou no calcanhar, pulando igual uma pipoquinha e gritando "Brasil, Brasil, Brasil", durante os últimos dez minutos da final, quando perdemos para a França, é uma imagem que eu não vou esquecer nunca.
Aliás, eu não vou esquecer nunca a derrota para a França, especialmente porque a culpa foi toda minha. Eu tinha um estojo azul de lata onde eu guardava um régua de bichinhos que eu sempre levava nos dias de jogo. Era eu abrir o estojo na frente da Tv, o Brasil fazia um gol. É sério! Foi assim em todos os jogos. Aí, no dia da final, o que acontece? Eu esqueço o estojo em casa. É claro que o Brasil perdeu. Eu nunca vou me perdoar por isso.
2002 - Japão
Me lembro que o Brasil foi para a Copa na repescagem. Lembro que todo mundo estava xingando, e eu falava: pelo menos foi, isso é que é importante. Lembro que quando o Brasil ganhou eu me senti a mais entendida do assunto, e falava com todo mundo: "Aí, eu não disse?"
Eu amava o Felipão. Adorava o jeito que ele ia vestido para o campo (de moleton e tênis), adorava quando ele ficava vermelho de raiva ou de alegria. Eu achava que ele poderia ficar para sempre como técnico da seleção, e que aí ia ser moleza ganhar todas as Copas.
Lembro que eu assisti todos os jogos, mesmo os que foram de madrugada. Minha mãe me chamava e eu ficava sentada no sofá, para não correr o risco de dormir. Eu fazia questão de usar um pijama super velhinho que era meio verde. E eu adorava o fato de estar comendo pão de queijo no meio da noite.
Eu lembro que no jogo contra a Inglaterra, eu descobri um poder espetacular da minha irmã mais velha. Ela cochilava durante o jogo todo, mas era só ela acordar que o Brasil fazia um gol. Era tiro e queda. Então eu comecei a fazer barulhos e movimentos bruscos, para ver se ela acordava acidentalmente com mais frequência.
No último jogo, ela ficou acordada o tempo inteiro (porque foi por volta de 8h da manhã). E o Brasil ganhou. Estou cuidando para que ela nem pisque durante os jogos dessa Copa.
No dia da final, o meu avô nos deu dois canarinhos. Batizamos a fêmea de penta e o macho de hexa. Penta e hexa fugiram alguns meses atrás, quando o meu primo abriu a porta do viveiro. Ainda não sei se isso é um sinal (libertamos o hexa) ou um mal presságio (o hexa voou para longe de nós).