domingo, 8 de julho de 2012

Encontros e despedidas

Postado por Infinito Particular às 16:53 0 comentários
O trem que chega é o mesmo trem da partida. Ele segue, claro, as estações mudando, mas o trem é sempre aquele. Mas novo, gente! Porque em cada estação ele chega com um propósito, chega pra um alguém, chega de um jeito. Só que a história dos vagões fica, vai acumulando, com as paisagens do caminho colando na janela, um mosaico que não acaba nunca.

Acho que mineiro é muito inteligente de chamar tudo de trem. Porque tudo nessa vida é mesmo tipo um trem, que avança e vai mudando sem esquecer a viagem que já foi. Tudo é trem, já diziam os sábios mineiros, que comem quietos justamente por serem tão sábios. Estou trem. Desconfio que sempre fui, mas estou num momento importante da viagem. Vou chegar numa próxima estação... estou apitando já para anunciar a novidade, mas, olha ali a linha que não me deixa mentir meu caminho! Vim por aqui, ó! Dá pra ver onde eu passei, se você fizer o caminho inverso ainda vê um pouco da fumaça e das bagagens que eu deixei por aí. Para frente, ainda não sei não... o caminho existe, com certeza, mas só vou saber o que tem lá se eu passar por ele.Quem pode saber antes? O passeio não teria graça. A viagem segue, eu espero. Mas por enquanto vou curtindo as estações. Porque seguir só tem sentido quando eu paro para embarques e desembarques. Eu sei que tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais... tem gente que vai e quer ficar, eu queria ficar! Às vezes até dói seguir viagem... mas é assim não, é? Porque se tem uma coisa que eu gosto é poder partir sem ter planos. E melhor ainda é poder voltar quando quero.

Ah, se soubéssemos a magia do trem; deixávamos de lado os carros que simplesmente chegam, e passávamos a marcar o caminho, como João e Maria, para poder lembrar sempre. Se soubéssemos a magia dos trens embarcávamos na viagem, ao invés de ficar na estação esperando que a vida passe, por medo, medo bobo, de embarcar e ver no que dá. Se soubéssemos teríamos mais vagões, para mais gente, para mais bagagem... e mais estações, para mais desembarques, mais desapegos. Ah se a gente ouvisse o apito, se a gente sentasse na janela sem vidro fumê para curtir a paisagem... Aí eu acho que a vida seria uma senhora viagem. E não só uma plataforma de embarque e desembarque.




 

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